quarta-feira, 25 de março de 2015

A Divindade - parte IV



Tenho recebido e-mails de alguns anti-trinitarianos que questionam a série de postagens que venho colocando sobre o tema da Trindade. 



A confusão que fazem dos textos da Bíblia é gritante. Um princípio básico da interpretação da Bíblia é que não podemos isolar um texto de seu contexto, ou seja, você não pode utilizar um versículo bíblico isoladamente, e desprezar todo o restante que as Escrituras ensinam sobre o assunto.



O Espírito Santo não é uma energia impessoal*



Há uma grande confusão feita entre o Espírito Santo e uma energia, poder, força, etc. No entanto a Bíblia deixa bem clara a diferença entre Pneuma Hagios (O Espírito Santo) e dinamis (poder, milagre, sinais, força, etc.).



Em Zac. 4:6, por exemplo, na tradução grega da LXX (Septuaginta, a tradução do AT para o grego, usada nos tempos de Jesus), afirma-se que a obra de Deus não será feita por força (do grego dinamei megalou = grande força) nem por violência, mas pelo meu Espírito (grego pneuma). Isto é, o Espírito do Senhor dos Exércitos, conforme a Bíblia hebraica e a versão grega judaica, é diferente de poder, força, energia. Sua presença significa poder, mas Ele é um ser pessoal.



Em Atos 1:6-8 (especialmente o v. 8) é esclarecido que o poder (dinamis) vem com o Espírito, pois Ele é o portador do poder: “mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo” (v. 8). Note que nesse trecho, mais uma vez, aparecem três pessoas: o Senhor Jesus sendo inquirido pelos discípulos (v. 6); o Pai (v. 7) e o Espírito Santo que ao vir lhes daria poder. Uma passagem trinitária a mais que demonstra que o Espírito Santo não é apenas um nome para uma energia impessoal, mas Ele é REALMENTE um Ser pessoal e Divino.


Em Atos 10:38 há outra passagem que dá ênfase na diferença entre a pessoa do Espírito Santo e força, poder, energia. Mais uma nova passagem trinitária que diz o seguinte:


"Como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com poder, o qual andou por toda parte, fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele".



Nessa passagem percebe-se CLARAMENTE as três Pessoas. Aqui Jesus é ungido com o Espírito Santo, uma alusão ao óleo da unção no AT, “e” (grego kai = e, conjunção aditiva) com poder. Isto é, além da presença do Espírito Santo, Jesus recebeu poder. Se o Espírito Santo fosse sinônimo de poder, como sendo a mesma coisa, não teria sentido dizer que Deus o ungiu com “poder e poder”. As palavras, o contexto e a gramática parecem deixar claro que não é correto dizer que o Espírito Santo é apenas outro "nome" para energia, poder.



Várias outras passagens esclarecem mais o ponto em questão, como 2Cor. 6:6, 7; que faz uma relação das características do ministério do apóstolo Paulo (v. 4). No verso 6 ele afirma que uma das características que recomendam o seu ministério é a presença do Espírito Santo e no verso 7 ele apresenta outra característica apostólica: o poder de Deus (do grego dinamei theou), portanto, dois elementos diferentes.



A passagem de 1Ts 1: 3-5, especialmente o v. 5, também menciona as três Pessoas da Trindade e ajuda a distinguir o Espírito Santo de poder, energia. Nessas passagens aparecem Deus Pai e Jesus (v. 3) e o Espírito Santo (v. 5). Neste último versículo se declara a distinção entre poder e o Espírito Santo com a expressão “em poder, no Espírito Santo”. Poder e Espírito Santo são dois, não o mesmo, separados pela expressão “e em”.



Também mencionamos Heb. 2:3-4, destacando que a palavra "milagre" é a mesma palavra grega para "poder" (dinamis). Assim, Deus manifestou Seu poder e (kai = e, aditiva) concedeu Seu Espírito Santo. Hebreus 6:4-6 também dá ênfase semelhante. O cristão se torna, pela conversão, participante (companheiro) no Espírito Santo, conforme o verso 4. Já no verso 5 é dito que provamos a “boa palavra" e os poderes do mundo vindouro”. Há uma forma diferente, segundo esta passagem, de se relacionar com o poder “provando-o” (grego geusoménos = como alimento, percepção, experiência) e com o Espírito sendo “parceiro” (grego metókous geneténtas = tornar-se participante) como sócio, amigo.



Finalmente, veja-se 1Pedro 1:2, onde as três Pessoas também aparecem com ações pessoais e distintas. A presciência de Deus; a santificação do Espírito e a aspersão do sangue de Jesus. O texto lido até o verso 5 mostra neste último versículo que o poder é uma ação de Deus, como outros dons, para guardar o crente na fé, e é distinto do Espírito Santo. A expressão “poder de Deus” não significa que Deus seja impessoal, como também a frase “poder do Espírito” relacionada ao Espírito Santo não quer negar Sua personalidade.



Portanto, não há razão bíblica para confundir o Espírito Santo, o Consolador, com uma energia impessoal. 



Os panteístas (que crêem que Deus está em tudo) fazem o mesmo com Deus, o Pai, usando muitos argumentos semelhantes aos que são usados pelos que tentam tornar o Espírito Santo uma mera força energética. Embora buscando expressões bíblicas, para provar o contrário, o texto bíblico deixa evidente que tanto o Pai como o Espírito Santo são Pessoas.



* Adaptado de artigo do Pr. Demóstenes Neves, SALT-IAENE.




Em breve estudaremos outros pontos da doutrina bíblica da Trindade.


"A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós" (2Cor. 13:13).


Retirado do site: http://prgilsonmedeiros.blogspot.com.br/2007/10/divindade-parte-iv.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário