terça-feira, 3 de outubro de 2023

Isaías 48:16: a Divindade Triúna revelada

 


“Chegai-vos a Mim, ouvi isto: Não falei em segredo desde o princípio; desde o tempo em que aquilo se fez Eu estava ali, e agora o Senhor Deus Me enviou a Mim, e o Seu Espírito.”

קִרְב֧וּ אֵלַ֣י שִׁמְעוּ־זֹ֗את לֹ֤א מֵרֹאשׁ֙ בַּסֵּ֣תֶר דִּבַּ֔רְתִּי מֵעֵ֥ת הֱיוֹתָ֖הּ שָׁ֣ם אָ֑נִי וְעַתָּ֗ה אֲדֹנָ֧י יְהוִ֛ה שְׁלָחַ֖נִי וְרוּחֽוֹ׃ פ

As evidências de um Deus triúno percorrem todo o cânon bíblico. Tais evidências podem ser vistas de maneira mais clara em passagens como Mateus 28:19 e 2 Coríntios 13:13, bem como de maneira mais sutil, como no relato da criação. Dentro dessa ótica, o capítulo 48 de Isaías poderia estar enquadrado como um dos que apresenta a Trindade de maneira mais clara.

Para uma visão mais coerente do que está expresso em Isaías 48:16, é preciso identificar quem é o que introduz o discurso direto do capítulo. Há evidentes indícios intratextuais que apontam para um ser divino e não apenas como um discurso do profeta. Tais indícios evidenciam que o discurso direto iniciado no capítulo não tem por locutor um agente humano.

ANÁLISE DO LOCUTOR DO CAPÍTULO

V. 3: “As primeiras coisas desde a antiguidade as anunciei; da Minha boca saíram, e Eu as fiz ouvir; apressuradamente as fiz, e aconteceram.”

Naturalmente que um agente humano não pode ser o sujeito dessa oração:

“Não vejo nenhuma forma na qual o sujeito da primeira parte do versículo pudesse ser o profeta. As coisas ditas ali só poderiam ser ditas por Deus. Qual, pois, é o significado do ponto final? Este, seguramente, é o outro caso da estreita identidade entre Deus e o profeta. Deus estivera falando através do profeta; Ele chama o povo a ouvir, em virtude de tudo o que Ele (Deus) dissera no passado, e agora Ele (Deus) Se revelou nos eventos de suas vidas” (OSWALT, 2011).

E continua:

V. 9: “Por amor do Meu nome retardarei a Minha ira, e por amor do Meu louvor Me refrearei para contigo, para que te não venha a cortar.”

Quem tem poder para cortar Israel, que é a audiência primária, conforme relatado no verso 1? Mais uma evidência de que não pode estar falando de um agente humano.

V.10: “Eis que já te purifiquei, mas não como a prata; escolhi-te na fornalha da aflição.”

V. 11: “Por amor de Mim, por amor de Mim o farei, porque, como seria profanado o Meu nome? E a Minha glória não a darei a outrem.”

Esses dois versos também mostram a impossibilidade de que esse discurso tenha como autor Isaías. É impossível que seres humanos (o profeta, como alguns entendem ser o locutor desse discurso) possam purificar outros seres humanos, bem como ter o nome profanado não podendo dar sua glória a outro. São claros indícios de que o proponente que discorre em toda essa perícope não é humano; precisa ser um agente divino.

MAIS DE UM AGENTE DIVINO NA PASSAGEM

Evidenciado que o locutor do discurso apresentado no capítulo é um ente divino, dificuldades naturalmente se apresentam para os que defendem não haver mais de um ser que compõe a Divindade celeste. Logo no início de Sua fala, precisamente no verso 2, Ele (que será identificado abaixo) introduz em Seu discurso alguém que é chamado por Ele de Adonai (YHWH) Tsevaôt (Senhor dos Exércitos):

“E até da santa cidade tomam o nome e se firmam sobre o Deus de Israel; o Senhor dos Exércitos é o Seu nome.”

IDENTIFICAÇÃO DO AGENTE DIVINO-LOCUTOR

Quem seria o agente orador do capítulo 48? Quem é esse ser divino?

Notoriamente tem-se um ser que está discursando e que não tem características humanas. É necessário também afirmar que não há nenhuma evidência textual que aponte para uma mudança de interlocutor no discurso apresentado no capítulo 48 de Isaías, que quase sempre começa com a expressão wayyomer (“e disse”), característica básica de introdução ao discurso direto ou de mudança de interlocutor.

Além das características claramente evidenciadas acima, demonstrando tratar-se de um ser divino, os versos 12 e 13 se preocupam com a identificação dessa personalidade:

V. 12: “Dá-me ouvidos, ó Jacó, e tu, ó Israel, a quem chamei; Eu sou o mesmo, Eu o primeiro, eu também o último.”

V. 13: “Também a Minha mão fundou a terra, e a Minha destra mediu os céus a palmos; Eu os chamarei, e aparecerão juntos.”

Se houvesse alguma dúvida em torno do locutor, em saber se é um agente humano ou divino, os versos 12 e 13 acabam com a dúvida. É um agente divino. Mais que isso, esses versos permitem, a partir de uma análise no cânon bíblico, identificar quem seria essa personalidade divina.

Fazendo-se uma análise comparativa, observa-se que existe uma correlação da frase “Eu Sou o primeiro e o último” em Isaías 48:12 com Apocalipse 1:17 e 2:8. Ambos os textos apocalípticos apresentam tal expressão e ambos se referem claramente a Jesus Cristo, conforme atesta o verso 8, mostrando que Aquele de quem se fala foi morto e reviveu: outra clara referência a Jesus.

O verso 13 confirma tratar-se de Jesus. Mais uma vez, numa análise comparativa, percebe-se que em João e Colossenses claramente a figura que discursa em Isaías 48 é Jesus Cristo. Há outras passagens no cânon que corroborariam o verso 13, não obstante, apenas estas duas mencionadas são suficientes:

“Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada do que foi feito se fez” (João 1:3).

“Porque Nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por Ele e para Ele. E Ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por Ele” (Colossenses 1:16, 17).

Inquestionavelmente, quem pronuncia todo o discurso de Isaías 48 é o Senhor Jesus.

Pontos destacados até agora:

1. Há um Ente divino discursando no capítulo 48 de Isaías.

2. Esse Ente divino é identificado claramente com Jesus.

3. Em Seu discurso, Ele (Jesus) fala de outro ser (e não pode ser uma referência a Si, pois o texto está trabalhando na terceira pessoa): Adonai (YHWH) Tsevaôt, o Senhor dos Exércitos.

Na análise até o momento, já se tem dois seres divinos: Jesus, que discursa, e Adonai (YHWH) Tsevaôt, que será denominado para fins de compreensão “o Pai”. Pelo menos dois seres da Divindade encontram-Se presentes na análise feita até o momento.

A QUESTÃO DO VERSO 16

“Chegai-vos a Mim, ouvi isto: Não falei em segredo desde o princípio; desde o tempo em que aquilo se fez Eu estava ali, e agora o Senhor Deus Me enviou a Mim, e o Seu Espírito.”

Nesse verso, o interlocutor (Jesus Cristo, como já demonstrado acima) novamente fala do outro Ser divino a que Se referiu anteriormente. Em realidade, o termo Elohim (Deus) não está presente no texto. Existe uma expressão que pode ser traduzida assim: Adonai YHWH. Como o Tetragrama é lido “Adonai”, provavelmente, para não ficar repetido Adonai Adonai (o Senhor Senhor), foi traduzido por o Senhor Deus ou, como aparece em algumas versões, o Senhor Jeová. Trata-se da mesma personalidade apresentada no verso 2. A questão é que nesse mesmo verso, na parte final, aparece mais uma entidade:

Weatah Adonay YHWH Shelahani weruhu: “[…] e agora o Senhor Jeová me enviou e Seu Espírito.”


Esse verso possui duas relações de construto (dá a ideia de posse como o caso genitivo no grego): a primeira está no termo Adonay e a segunda no termo weruhu. É interessante observar que o termo Adonay é um substantivo comum, masculino, PLURAL, construto. A tradução exata desse termo deveria ser MEU SENHORES, ou SENHORES, conforme está em Gênesis 19:2. Entretanto, respeitando o substantivo atrelado a ele, YHWH, que não possui gênero, número ou estado, e também respeitando o verbo shalah (enviar), que aparece na terceira pessoa do singular, a tradução de Adonay segue no singular. Mas se fosse feita uma tradução literal seria assim:

“E agora Meu Senhores Jeová Me enviou a Mim e Seu Espírito.”

Não é necessário conhecimento da língua hebraica para identificar mais uma entidade na descrição:

1. Adonay YHWH (Pai)

2. O Enviado, que é o que discursa, como já demonstrado, Jesus Cristo (Filho)

3. E o Seu Espírito (Espírito Santo)

A questão é que existe uma dubiedade no termo weruhu (e Seu Espírito). Duas traduções são possíveis:

1. “E agora o Senhor Deus Me enviou a Mim, e o Seu Espírito.” Na primeira hipótese de tradução, o Ruah tem como função sintática a mesma do Enviado (Jesus), que é objeto direto. Eles sofrem a ação de serem enviados por Adonay YHWH (o Pai). O verso estaria afirmando que “o Senhor Jeová enviou a Jesus e também enviou Seu Espírito.”

“E agora o Senhor”, etc., formam um prelúdio para as palavras do Único servo inigualável de Jeová sobre si mesmo, que ocorrem no cap. xlix. A maneira surpreendentemente misteriosa em que as palavras de Jeová de repente passam para as de Seu mensageiro, que é apenas comparável a Zac. ii. 12 sqq., iv. 9 (onde o falante também não é o profeta, mas um mensageiro divino exaltado acima dele), só pode ser explicada dessa maneira. E de nenhuma outra maneira podemos explicar o וְעַתָּ֗ה, o que significa que, depois que Jeová preparou o caminho para a redenção de Israel pelo levantamento de Ciro, de acordo com a profecia e pelo sucesso das armas, Ele o enviou. O orador neste caso, para realizar, em uma capacidade mediadora, a redenção assim feita, e não pela força das armas, mas no poder do Espírito de Deus (cap. xlii. 1; cf. Zac. iv. 6). Consequentemente, o Espírito não é falado aqui como Se juntando ao envio (como Umbreit e Stier supõem, depois de Jerônimo e o Targum: a Septuaginta é indefinida, καὶ τὸ πνεῦμα αὐτοῦ); nem encontramos o Espírito mencionado em tal coordenação como esta (ver, por outro lado, Zac. vii. 12, per spiritum suum). O significado é que ele também é enviado, ou seja, enviado com o servo de Jeová, que está falando aqui. Para transmitir esse significado, não havia necessidade de escrever nem   וְרוּחוֹ  אֹתִי  שָׁלַח ou רוח וְאֶת־ שׁלחני, já que a expressão é exatamente a mesma que no cap., xxix. 7, צֹבֶ֙יהָ֙ וּמְצֹ֣דָתָ֔ה; e o vav pode ser considerado como o vav de companhia (Mitschaft, lit., com navios, como os árabes chamam; veja em cap. xlii. 5)” (DELITZSCH, 1892).

2. “E agora o Senhor Deus Me enviou a Mim, e o Seu Espírito.” Na segunda hipótese, o Espírito estaria junto com o Adonay YHWH no ato de enviar Aquele que está narrando o texto (Jesus). O verso estaria afirmando que “os Senhores Jeová e Seu Espírito estariam enviando Jesus”, conforme afirmam Price (2009), Henry (2010) e Pfeiffer (2003):

“As predições de Deus têm sido uma proclamação aberta, e Seu Enviado avança pela autoridade e inspiração do Deus eterno e Seu Santo Espírito. Israel pode, portanto, estar certo de que Deus executará Sua vontade contra a Babilônia, e […] os caldeus” (PRICE, GRAY, GRIDER et al., 2009).

“O Espírito de Deus é aqui mencionado como uma pessoa distinta do Pai e do Filho, e como tendo autoridade divina para enviar profetas. Observe que o Espírito envia aqueles que Deus envia” (HENRY, 2010).

“Mas uma maravilha ainda maior é o fato que, desde o princípio da raça humana, Deus Filho, o ‘anjo do Senhor’ (do V .) e a ‘Palavra’ ou Logos (no NT) têm repetidas vezes falado claramente aos filhos da aliança divina, revelando a vontade divina e Seu plano para o futuro. No versículo 16, o Cristo pré-encarnado identifica-Se como o enviado pelo Pai e pelo Espírito para transmitir a mensagem profética de Deus para o profeta inspirado” (PFEIFFER, 2003).

Ora, sendo Aquele que envia ou sendo enviado, um ponto é claro: há um terceiro personagem na passagem e não é uma mera força ou vento. Se é enviado, Ele está em pé de igualdade com o Filho; se é quem envia, está em pé de igualdade com o Pai. Enfim, sendo sujeito ou objeto da oração, Ele está em pé de igualdade com o Pai ou com o Filho, com plena capacidade para enviar ou ser enviado. Se Ele não pode ser um ser pessoal, também o Pai que envia não pode ser, ou se Ele não pode ser um ser passoal, também o Filho que é enviado não pode ser. Portanto, Isaías 48:16 é um texto claro em que a Divindade triúna é manifesta.

(Eleazar Domini, além de bacharel em Teologia, é mestre em Teologia na área de Interpretação e Ensino da Bíblia com ênfase na língua hebraica. Atualmente é pastor nos Estados Unidos)

Referências:

DELITZSCH, F. Biblical Commentary on the prophecies of Isaiah. Edinburgh: T. & T. Clark, 1892. 537.

HENRY, M. Comentário Bíblico – Antigo Testamento: Isaías a Malaquias. Rio de Janeiro: CPAD, 2010. v.4. 1252.

OSWALT, J. Comentários do Antigo Testamento: Isaías. São Paulo: Cultura Cristã, 2011. v.2. 832.

PFEIFFER, C. El Comentario Biblico Moody:: Antiguo Testamento. El Paso: Casa Bautista de Publicaciones, 2003. 912.

PRICE, R. E. et al. Comentário bíblico Beacon: Isaías a Daniel. Rio de Janeiro: CPAD, 2009. v.4. 556.

segunda-feira, 1 de junho de 2020

A doutrina da Trindade é verdadeira? - Live Especial (vigília)

A doutrina da Trindade é verdadeira ou uma invenção da igreja católica? Assista e confira.

Por que Ellen White fala que Jesus era o Filho de Deus antes da encarnação?

Muitos me tem questionado acerca da expressão "Filho de Deus" usada por Ellen White com referência a Cristo antes de Sua encarnação. Ele já era o Filho antes? Ou trata-se de títulos retroativos? Como entender esse assunto? Assista ao vídeo e compartilhe com seus amigos.

Diálogo fictício com um antitrinitariano

Nesse vídeo você verá um diálogo fictício com um antitrinitariano. Verá como é uma perda de tempo quando ele não está disposto a abrir mão de seu ponto de vista para compreender a verdade. Assista e compartilhe com outros.
sábado, 9 de maio de 2020

Fala sério, pastor: Jesus é Deus? Entendendo a regra de Sharp


Os textos de Tito 2:13 e II Pedro 1:1, dão a entender que Jesus é Deus e Salvador. Alguns, entretanto, entendem que a expressão Deus refere-se ao Pai e o termo Salvador refere-se a Jesus. Será? Existe alguma regra que demonstra que ambos os termos têm Jesus como referencial? Acompanhe mais este vídeo da série sobre a Trindade e que Deus abençoe você.
sábado, 2 de maio de 2020

Fala sério, pastor: João 1:1 fala que Jesus é Deus ou Ele é um deus?


Quando estudamos o texto de João 1:1 lemos:
"No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus."
Percebemos claramente que este texto testifica acerca da Divindade de Jesus Cristo. Entretanto, a
versão das Testemunhas de Jeová traz uma tradução diferente:
"No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era um deus" (com d minúsculo).
É claro que essa tradução traz um problema que precisa ser analisado com maior profundidade, afinal, seria apenas essa versão a que traz uma tradução coerente? Todas as demais estariam equivocadas?
Enerst Cowell bem como Martinho Lutero demonstraram, através da gramática da língua grega, que a visão dos Testemunhas de Jeová é que se demonstra equivocada. Acompanhe o vídeo.


sábado, 18 de abril de 2020

Os pioneiros adventistas era antitrinitarianos?




Algumas pessoas desinformadas e outras mal intencionadas, tem espalhado por aí que os pioneiros da Igreja Adventista do Sétimo Dia eram antitrinitarianos no sentido pleno da palavra e que a doutrina da Trindade só teria sido aceita pela Igreja Adventista na década de 1980.

Tais alegações merecem algumas considerações:
1. Qual o tipo de Trindade era rejeitada pelos pioneiros?
2. Todos os pioneiros eram contrários a essa doutrina?
3. Houve um crescimento acerca do assunto no seio da igreja?
4. Houve declarações trinitarianas em publicações oficiais da igreja?
5. Ellen White criticou alguma declaração trinitariana feita em publicações oficiais?
As respostas a estas perguntas você encontrará no vídeo e perceberá que Deus, em sua sabedoria infinita, guiou e continua guiando Sua igreja rumo ao porto celestial.




sábado, 11 de abril de 2020

O Espírito Santo é Jesus?



Muitos por aí, tem distorcido as Escrituras Sagradas e também os textos de Ellen White afirmando que o Espírito Santo não é a Terceira Pessoa da Divindade. Dizem eles, que o Espírito Santo é o próprio Jesus. Será isso verdade? Como entender alguns textos que aparentemente confirmam essa ideia? Acompanhe o vídeo e se ele te abençoar, compartilhe com outros para abençoá-los também.

Por que no início do livro História da Redenção não menciona o Espírito Santo nos primeiros capítulos?


Alguns dizem por aí que o Espírito Santo não é uma pessoa da Divindade. Usam como uma de suas premissas básicas o "argumento do silêncio": Se não fala Dele, logo não existe. Eles dizem que o fato de Ellen White mencionar apenas o Pai e o Filho quando fala da luta contra Lúcifer no céu, é uma forte indício da inexistência do Espírito Santo como pessoa da Divindade. É claro que esse argumento é uma furada sem tamanho e este vídeo vai mostrar isso. Assista, tire suas dúvidas e compartilhe com o maior número de pessoas possível.

A doutrina da Trindade surgiu no Concílio de Niceia?


Muitas pessoas desinformadas e repetidoras de sites desonestos da internet têm dito por aí que a doutrina da Trindade não é bíblica, antes, teve sua origem no Concílio de Niceia. Seria isso verdade? Há apoio histórico extra bíblico capaz de sustentar a visão de que a doutrina da Trindade é anterior ao Concílio de Niceia? Existem evidências que apontam para a crença desta doutrina antes do Concílio de Niceia em 325 d.C.? Acompanhe a resposta no vídeo.

Será que vou ganhar 50 mil reais? (Mateus 28:19, PARTE II)


O nosso vídeo anterior, apesar de bem extenso para a realidade do nosso canal, não contemplou tudo acerca do texto de Mateus 28:19. Neste vídeo, nós respondemos a um desafio feito por um antitrinitariano. No desafio, ele promete 50 mil reais por um texto. Será que vou ganhar o dinheiro ou ele realmente não crê em Ellen White? Assista e acompanhe o desafio falido feito pelo antitrinitariano e veja como a Bíblia e o Espírito de Profecia se harmonizam.

Mateus 28:19 é autêntico ou foi adulterado?


Há muitas pessoas por aí falando que Mateus 28:19 não é autêntico, que teria sido adulterado posteriormente para que se realizassem batismos em nome da Trindade. Os principais argumentos levantados pelos antitrinitarianos são: 1 - O livro de Atos menciona o batismo apenas em nome de Jesus. 2 - A nota de rodapé da Bíblia de Jerusalém diz que o texto original não cita a Trindade. 3 - O pai da igreja, Eusébio de Cesaréia, cita Mateus 28:19 dizendo "ide, fazei discípulos em Meu Nome" e não em nome da Trindade. 4 - Enciclopédias negam Mateus 28:19 com a fórmula Trinitária. Todos esses são argumentos falaciosos e se demonstram extremamente fracos à luz de uma exegese mais profunda e, principalmente, do estudo sério da Crítica Textual. Acompanhe a resposta a este assunto no vídeo.

Jesus foi criado nos dias da Eternidade?

Algumas pessoas não creem na Divindade e Eternidade de Jesus Cristo. Acham que Ele foi criado em algum momento da Eternidade e que somente o Pai é quem detém a Divindade para Si. Para sustentar tal visão citam Miqueias 5:2 que diz: “E tu, Belém Efrata, posto que pequena entre os milhares de Judá, de ti me sairá o que governará em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade.” Para eles, este é um texto que prova a origem de Jesus, que prova que Ele nasceu, que foi criado e, portanto, teve origem em algum momento na eternidade. Mas será isso mesmo que o texto quer dizer? Será que a palavra origem na língua hebraica carrega este sentido? Que o texto estaria falando do início de Jesus, de seu nascimento? Estas pessoas são avessas à doutrina da Trindade negando este ensino bíblico em duas frentes principais: 1. De Jesus negam a Divindade, inferindo que Ele foi criado, gerado, nascido em algum momento da eternidade. 2. Do Espírito Santo negam a Personalidade, inferindo que Ele não é um ser pessoal, que seria uma energia, uma força, ou algo dessa natureza. Estamos começando uma série nova sobre a Trindade e eu convido você a acompanhar comigo as principais respostas aos questionamentos levantados pelos antitrinitarianos. E já começamos com este de Miqueias. Que Deus te abençoe e ilumine na compreensão deste tema tão relevante. Compartilhe com seus amigos e se inscreva no canal.
segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

UM RÁPIDO DIÁLOGO COM UM ANTITRINITARIANO


- ELE DISSE: “Ellen White não acreditava na personalidade do Espírito Santo”.

- EU LI: “O Espírito Santo é UMA PESSOA, pois dá testemunho com o nosso espírito de que somos filhos de Deus. (...) O Espírito Santo tem PERSONALIDADE, do contrário não poderia testificar ao nosso espírito e com nosso espírito que somos filhos de Deus". [Ellen White - Manuscrito 20, 1906].
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- ELE DISSE: "Mas não se trata de uma pessoa DIVINA".

- EU LI: "[O Espírito Santo] Deve ser também UMA PESSOA DIVINA, do contrário não poderia perscrutar os segredos que jazem ocultos na mente de Deus”. [Ellen White - Manuscrito 20, 1906].
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- ELE DISSE: "Neste caso, para Ellen White, o Espírito Santo é o próprio Jesus Cristo; NÃO uma pessoa distinta".

- EU LI: “O Espírito Santo é o Confortador, em nome de Cristo. Ele personifica Cristo, contudo é uma personalidade DISTINTA”. [Ellen White - Manuscrito 93, 1893; 20 MR, p. 324].
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- ELE DISSE: "Mas ela nunca fez real DISTINÇÃO entre três".

- EU LI: "Três agências DISTINTAS, o Pai, o Filho e o Espírito Santo, trabalham juntas pelos seres humanos”. [Ellen White - Manuscrito 27a, 1900].
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- ELE DISSE: "Você sabe que Ellen White nunca falou de três PESSOAS na Divindade".

- EU LI: "A obra está colocada diante de cada alma que reconhece sua fé em Jesus Cristo pelo batismo, e se tornou um recipiente da promessa das TRÊS PESSOAS – o Pai, o Filho e o Espírito Santo”. [Ellen White - Manuscrito 57, 1900; publicado em: SDA Bible Commentary, 6:1074].
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ELE INTERROMPEU O DIÁLOGO, E DISSE: "Não adiante conversar com você, sua mente já está cauterizada".

E então? O que sabe um antitrinitariano?”

Edilson Constantino

Respostas a um antitrinitariano (parte 4 de 4)

2

Pergunta: Os pioneiros da Igreja Adventista do Sétimo Dia eram antitrinitarianos. Em 1872, foi elaborado um documento contendo os Princípios Fundamentais da IASD e lá não consta a Trindade. Ellen White, falando desses princípios fundamentais, disse que não deveríamos mover os pilares da nossa fé que tinham sido estabelecidos nos últimos 50 anos. São os marcos antigos dos pioneiros. Mas hoje esses pilares, esses marcos foram abandonados pela liderança da IASD. Como vocês me explicam isso?
(As respostas a esses questionamentos têm como base estudos feitos por mim e materiais que li de outros autores e amigos, como Reginaldo Castro, Matheus Cardoso e o Demóstenes Neves.)
Resposta: Primeiro é necessário dizer que a abordagem inicial é falsa e tendenciosa. Dizer que “os pioneiros da IASD eram antitrinitarianos” não é de todo verdade. Havia pioneiros que tinham vindo de igrejas evangélicas tradicionais e que criam na Trindade. É verdade, também, que alguns não criam na Trindade e outros eram semiarianos, mas perceba que isso não se aplica a todos:
  1. S. Spears, em artigo de 1889, transformado em panfleto em 1892, defende “A doutrina bíblica da Trindade”.
  1. N. Downer, em artigo na Review, de 6 de abril de 1876, declara que “as três pessoas da Trindade tiveram parte na ressurreição de Cristo”.
  1. Lee S. Wheeler observa, citando Efésios 4:4, 5: “É digno de nota que nesta como em muitas outras partes da Escritura o Espírito como sendo um é mencionado como distinto do Pai e do Filho” (Lee S. Wheeler, “The Communion of the Holy Spirit”, Review and Herald, 21/4/1891, p. 244).
  1. D. Hildereth: “Tire o Espírito Santo da Bíblia e ‘nada’ que reste é digno de ser falado” (Review and Herald, 1/4/1862).
  1. R. F. Cotrell: “Onde houver adoração verdadeira aí o Espírito Santo está” (1873).
  1. Joseph Clark defendeu o Espírito Santo como uma realidade em Si mesmo e um agente de Deus (Review, 10/3/1874).
  1. P. Bollman, em 4/11/1889, na Signs of the Times, escreveu: “O Espírito Santo é divino e Criador de todas as coisas.”
  1. A. J. Morton, em 26/10/1891, na Signs of the Times, declarou: “A divindade do Espírito Santo e Cristo e a do Pai e Cristo não pode ser separada.”
  1. Alonzo T. Jones, então da Review and Herald por muitos anos, em sermão na Sessão da Conferência Geral de 27 de fevereiro de 1895, defendeu que “o Espírito Santo é um representante pessoal de Deus”. Também disse que há uma unidade do Espírito Santo com o Pai e o Filho (General Conference Bulletin, 27/2/1895).
  1. Stephen N. Haskell, no artigo “O Espírito Santo”, declarou que “a relação entre Pai, Filho e Espírito Santo é um mistério” (Review, 28/11/1899).
  1. G. C. Tenny, que em 1883 usara “it” para o Espírito Santo, declarou em 1896 que o Espírito Santo era inteligente, tinha existência independente e passou a usar o pronome pessoal “he” (Review, 9/6/1896).
  1. S. M. I. Henry (Sarepta Miranda Irish Henry), escritora e evangelista, era incentivada por Ellen G. White e produzia uma página semanal na Review chamada “Mulheres na Obra do Evangelho”. Ela declarou em 1898 que “os pronomes usados em conexão com o Espírito devem nos levar a concluir que Ele é uma pessoa – uma personalidade” (The Abindig Spirit, 271).
  1. R. A Underwood, que havia sido antitrinitariano a princípio, expôs, segundo ele mesmo declara, sua mudança de compreensão a partir do estudo da Bíblia. Na Review de 3 de maio de 1898, ele disse que o Espírito é uma pessoa e que não deveríamos permitir que Satanás destruísse nossa fé “na personalidade dessa pessoa da Divindade – O Espírito Santo”. Em relação à sua opinião anterior, Underwood declarou: “Mas nós queremos a verdade porque ela é a verdade, e nós rejeitamos o erro porque é o erro, apesar de qualquer ponto de vista que nós possamos anteriormente ter sustentado ou qualquer dificuldade que nós possamos ter tido ou possamos ter agora quando vemos o Espírito Santo como uma pessoa” (Review, 3/5/1898).
Como você pôde observar, havia muitos pioneiros que criam na Trindade; portanto, afirmar que os pioneiros eram antitrinitarianos é, no mínimo, uma atitude irresponsável.
A segunda abordagem feita pelo antitrinitariano refere-se aos Princípios Fundamentais, elaborados em 1872 por Urias Smith. Segundo os que não creem na Trindade, o fato de não se falar da Trindade é uma clara evidência de que essa doutrina não seria verdadeira. Para melhor esclarecermos essa segunda parte, faremos três perguntas e as responderemos de forma que o leitor consiga compreender melhor a questão:
  1. Esses princípios fundamentais eram um documento oficial da igreja?
  2. Eles representam uma finalização no conhecimento e avanço doutrinário?
  3. Eles são os marcos, os pilares de nossa fé, de que Ellen White fala?
Resposta à pergunta 1: Não. Os Princípios Fundamentais de 1872 escritos por Uriah Smith, de que tanto falam os antitrinitarianos, não são um documento oficial da Igreja Adventista. No parágrafo inicial do documento, o próprio autor informa que não se trata de algo oficial. Destinava-se a ser apenas uma resposta sobre alguns pontos de nossa fé, e não tinha autoridade alguma sobre a igreja como um credo imutável.
Leia com atenção, pois nossos objetores não enfatizam esse detalhe:
“Ao apresentar ao público esta sinopse de nossa fé, desejamos que seja distintamente compreendido que não temos nenhum artigo de fé, credo ou disciplina, além da Bíblia. Não apresentamos isto como tendo qualquer autoridade sobre nosso povo, nem é destinado a assegurar uniformidade entre ele, como um sistema de fé, mas é uma breve declaração do que é e tem sido, com grande unanimidade, mantida por ele. Com frequência achamos necessário responder a indagações sobre este assunto” (Urias Smith, “A Declaration of the Fundamental Principles Taught and Practiced by the Seventh-day Adventists”, Battle Creek, MI: Steam Press, 1872).
Urias Smith deixou claro que o documento em questão não deveria ser tomado como um credo fechado e que ele não tinha qualquer autoridade sobre a Igreja como um credo ou sistema de fé. Agora perceba o contraste: aqui Smith afirma que esses princípios não possuem nenhuma autoridade sobre a Igreja, mas quando Ellen White se referiu aos princípios fundamentais da fé, ela afirmou que Deus “nos conclama a nos apegarmos firmemente, com a mão da fé, aos princípios fundamentais baseados em autoridade inquestionável” (Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 208). E agora? Será que quando Ellen White fala dos principais pontos de nossa fé ela não tem em mente o documento de 1872? Veremos isso mais adiante, na resposta 3.
Além disso, se aceitamos a visão trinitária de que toda a nossa base doutrinária foi lançada em 1872, teremos sérias dificuldades com a ausência de várias doutrinas que se desenvolveram posteriormente:
  1. Modéstia Cristã – 1889.
  2. Conduta Cristã – 1889.
  3. Dízimos e Mordomia – 1889.
  4. Temperança – após 1863 (Ellen White). Obs.: Uriah Smith, ainda em 1883, negava a validade de Levítico 11 (Manuscript Releases, 852, in: Spirit of Prophecy Library, v. VI, Peace Press, Loma Linda, EUAM S/D, p. 1915).
  5. A própria Justificação pela Fé passou a ser mais discutida a partir de 1888.
Algo bastante interessante – e no mínimo curioso – é o fato de os antitrinitarianos não mencionarem este texto de Uriah Smith, escrito em 1896, numa seção de perguntas e respostas da Review and Herald, na qual ele comenta a resposta:
“Pergunta: As Escrituras ordenam o louvor ou a adoração ao Espírito Santo? Se não, a última linha da doxologia não contém um pensamento não bíblico?
“Resposta: Não conhecemos nenhum lugar na Bíblia onde somos ordenados a adorar o Espírito Santo, como foi ordenado no caso de Cristo (Hb 1:6), ou onde encontramos um exemplo da adoração do Espírito Santo, como no caso de Cristo (Lc 24:52). No entanto, na fórmula para o batismo, o nome ‘Espírito Santo’ está associado ao do Pai e ao Filho. Se o nome pode ser assim usado, por que não poderia ser apropriado como parte da mesma TRINDADE no hino de louvor: ‘Louve a Deus de quem é todo fluxo de bênção?’” (Uriah Smith, Review and Herald, 27/10/1896).
Não podemos dizer que Uriah Smith tenha se tornado plenamente trinitariano, mas que sua visão já estava muito melhorada; isso com certeza. Ele até usa o termo “Trinity”, algo incomum para ele anteriormente.
Resposta à pergunta 2: Os pioneiros nunca ficaram parados no tempo em relação ao crescimento na compreensão da doutrina. Eles não tinham um credo fechado. Ao contrário disso, estavam sempre crescendo no conhecimento da verdade. Veja o que disse Tiago White:
“Eu afirmo que os credos estão em direta oposição aos dons. Imaginemos a seguinte circunstância: Obtemos um credo, declarando exatamente em que deveremos acreditar sobre esse ponto e outro, e o que deveremos fazer em referência a isso ou aquilo, e afirmamos que creremos nos dons também. Mas suponha que o Senhor, por meio dos dons, nos conceda alguma nova luz que não se harmonize com nosso credo; então, se permanecermos fiéis aos dons, isso se chocará completamente com nosso credo. Fazer um credo é fixar estacas e impedir todo avanço futuro” (Tiago White, “Doings of the Battle Creek Conference, Acts 5:16, 1861”, Review and Herald, 8/10/1861, p. 148, 149).
“Temos conseguido regozijar-nos em verdades muito além do que então percebíamos. […] Mas não pensamos de modo algum que já sabemos tudo. Esperamos ainda progredir, de forma que nossa vereda se torne cada vez mais brilhante até ser dia perfeito. Que mantenhamos sempre um estado mental inquiridor, buscando mais luz e mais verdade” (Uriah Smith, Review, 30/4/1857).
“Nunca foram as Sagradas Escrituras tão valorizadas pelo remanescente como agora. Quando o testemunho da Bíblia para começar o dia ao pôr do sol foi apresentado em clara luz, assim como outros assuntos foram apresentados na Review, eles [os primeiros adventistas] de bom grado abraçaram esse testemunho. E nós acreditamos que eles mudariam outros pontos de sua fé se eles pudessem ver uma boa razão para fazê-lo a partir das Escrituras” (Tiago White, Review, 7/2/1856).
Será que Ellen White pensava diferente?
“Percepções nítidas e claras da verdade nunca serão a recompensa da indolência. A investigação de cada ponto que foi recebido como verdade irá ricamente recompensar o pesquisador: ele encontrará pedras preciosas. E, investigando de perto todo jota e til que achamos ser verdade estabelecida, comparando escritura com escritura, podemos descobrir erros em nossa interpretação das Escrituras. Cristo quer que o pesquisador de sua palavra cave fundo nas minas da verdade. Se a pesquisa for realizada corretamente, serão encontradas joias de valor inestimável. A Palavra de Deus é a mina das insondáveis riquezas de Cristo” (Review and Herald, 12/7/1898).
“Há homens entre nós que professam compreender a verdade para estes últimos dias, mas que não investigarão com calma a verdade mais recentemente estabelecida. Estão decididos a não avançar além das estacas que estabeleceram e não ouvirão aqueles que, dizem eles, não estão em defesa dos marcos antigos. São tão autossuficientes que tornam impossível que argumentemos com eles. […] Se forem apresentadas ideias que diferem em alguns pontos de nossas doutrinas anteriores, não devemos condená-las sem uma busca diligente da Bíblia para ver se elas são verdadeiras. Devemos jejuar e orar e pesquisar as Escrituras, como fizeram os nobres bereanos, para ver se essas coisas são assim. Precisamos aceitar todos os raios de luz que nos chegam. Por meio de fervorosa oração e diligente estudo da Palavra de Deus, as coisas sombrias serão esclarecidas para o entendimento” (Signs of the Times, 26/5/1890).
Respondendo à pergunta 3:
O que são os marcos, os pilares de nossa fé, de que Ellen White fala? São os princípios fundamentais escritos por Smith em 1872? Não! Analisemos o contexto das declarações:
“Tenho estado a suplicar ao Senhor força e sabedoria para reproduzir os escritos das testemunhas que foram confirmadas na fé e NA PRIMITIVA HISTÓRIA DA MENSAGEM. DEPOIS DE PASSAR O TEMPO EM 1844, eles receberam a luz e andaram na luz, e quando os homens que pretendiam possuir novo esclarecimento vinham com suas maravilhosas mensagens acerca de vários pontos da Escritura, tínhamos, PELA ATUAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO, TESTEMUNHOS BEM DEFINIDOS, que excluíam a influência de mensagens como as que o pastor G [A. F. Ballenger] tem devotado o tempo a apresentar. Esse pobre homem tem estado a trabalhar decididamente CONTRA A VERDADE CONFIRMADA PELO ESPÍRITO SANTO. QUANDO O PODER DE DEUS TESTIFICA DAQUILO QUE É VERDADE, ESSA VERDADE DEVE PERMANECER PARA SEMPRE COMO VERDADE. Não deve ser agasalhada nenhuma suposição posterior contrária ao esclarecimento que Deus proporcionou. Surgirão homens com interpretações das Escrituras que para eles são verdade, mas que não o são. Deu-nos Deus a verdade para este tempo como um fundamento para nossa fé. ELE PRÓPRIO NOS ENSINOU O QUE É A VERDADE. Aparecerá um, e ainda outro, com nova iluminação, que contradiz aquela QUE FOI DADA POR DEUS SOB A DEMONSTRAÇÃO DE SEU SANTO ESPÍRITO. Vivem ainda alguns que passaram pela experiência obtida QUANDO ESTA VERDADE FOI FIRMADA. Deus lhes tem benignamente poupado a vida para repetir, e repetir até ao fim da existência a experiência por que passaram da mesma maneira que o fez o apóstolo João até ao termo de sua vida. E os porta-bandeiras que tombaram na morte devem falar mediante a reimpressão de seus escritos. Estou instruída de que, assim, sua voz se deve fazer ouvir. Eles devem dar seu testemunho relativamente ao que constitui a verdade para este tempo. Não devemos receber as palavras dos que vêm com uma mensagem em contradição com os pontos especiais de nossa fé. Eles reúnem uma porção de passagens, e amontoam-na como prova em torno das teorias que afirmam. Isso tem sido repetidamente feito durante os cinquenta anos passados. E se bem que as Escrituras sejam a Palavra de Deus, e devam ser respeitadas, sua aplicação, uma vez que mova uma coluna do fundamento sustentado por Deus ESTES CINQUENTA ANOS, constitui grande erro. Aquele que faz tal aplicação ignora A MARAVILHOSA DEMONSTRAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO QUE DEU PODER E FORÇA ÀS MENSAGENS PASSADAS, VINDAS AO POVO DE DEUS” (Ellen G. White, The Integrity of the Sanctuary Truth, p. 15-20).
Lendo o texto acima, CONSTATAMOS QUE O ASSUNTO DO QUAL A SERVA DO SENHOR ESTÁ FALANDO É ESPECIALMENTE O SANTUÁRIO. O título do documento é “A Integridade da Verdade do Santuário”. Nada de Divindade não trinitária. Observe a menção que ela faz ao pastor Albion Ballenger. Quem foi Ballenger? Foi um popular pregador adventista que trabalhou na Inglaterra, País de Gales e Irlanda. Ballenger concluiu que o entendimento adventista do ministério de Cristo no santuário era antibíblico. Foram as ideias de Ballenger CONTRA A DOUTRINA DO SANTUÁRIO QUE MOTIVARAM O TESTEMUNHO DE ELLEN WHITE ACIMA. Não deixe também de perceber que Ellen recorda os tempos depois de 1844, quando Deus, mediante o Espírito Santo, deu testemunhos bem definidos por meio de Sua serva para confirmar o que era a verdade e para não permitir que falsas ideias penetrassem na Igreja. Quando, no texto acima, ela menciona que foi o próprio Deus quem ensinou a verdade à Igreja, quando se refere ao esclarecimento que o próprio Deus proporcionou, da maravilhosa demonstração do Espírito Santo e de que quando o poder de Deus testifica daquilo que é a verdade essa verdade não deve mais ser alterada, ELA ESTÁ FALANDO DA DOUTRINA DO SANTUÁRIO NO CONTEXTO DO ATAQUE DE BALLENGER A ESSA DOUTRINA. Nos primeiros anos do Movimento, Deus de fato deu visões a Ellen orientando os pioneiros na interpretação correta da Escritura quando após muito estudo chegavam a um impasse. Isso ocorreu nos estudos sobre o Santuário nos primeiros anos após 1844. Veja como os antitrinitarianos pegam textos fora do contexto para criar um pretexto.
Os dois textos – do Manuscrito 135 (1903) e o de Mensagens Escolhidas, volume 1, p. 208 – geralmente usados pelos objetores da Trindade, de fato estão falando dos princípios fundamentais, dos marcos antigos, das doutrinas definidoras do adventismo, as quais foram resultado de muita oração, estudo da Bíblia e confirmação por meio das visões da mensageira do Senhor. O problema é que, ao analisar o contexto dessas duas passagens, constata-se que Ellen White de forma alguma está se referindo ao documento de 1872. Vamos ler o contexto (parágrafos precedentes) dos dois trechos, respectivamente:
“Meu marido, o pastor José Bates, o pai Pierce, o pastor Edson, um homem ávido, nobre e verdadeiro, e muitos outros cujos nomes não consigo recordar agora, estavam entre aqueles que, após a passagem do tempo em 1844, buscaram a verdade. Em nossas reuniões importantes, esses homens se reuniam e buscavam a verdade como a um tesouro escondido. Reunia-me com eles e estudávamos e orávamos fervorosamente, pois sentíamos que era nosso dever aprender a verdade de Deus. Muitas vezes ficávamos reunidos até alta noite e, às vezes, a noite toda, orando por luz e estudando a palavra. Quando jejuamos e oramos, um grande poder veio sobre nós. Mas eu não conseguia entender o raciocínio dos irmãos. Minha mente estava por assim dizer fechada e eu não conseguia compreender o que estávamos estudando. Então o Espírito de Deus vinha sobre mim, eu era arrebatada em visão, e era-me dada uma clara explicação das passagens que estávamos estudando, com instruções sobre a posição que deveríamos tomar em relação à verdade e ao dever. Foi-me tornada clara uma sequência de verdades que se estendia daquele tempo até ao tempo em que entraremos na cidade de Deus, e transmiti a meus irmãos e irmãs a instrução que o Senhor me deu. Eles sabiam que, quando eu não estava em visão, eu não conseguia entender esses assuntos e aceitavam como luz direta do céu as revelações dadas. Os principais pontos de nossa fé, como os mantemos hoje, foram firmemente estabelecidos. Ponto após ponto foi claramente definido, e todos os irmãos entraram em harmonia. Toda a companhia dos crentes estava unida na verdade. Houve aqueles que vieram com doutrinas estranhas, mas nunca tivemos medo de enfrentá-los. Nossa experiência foi maravilhosamente confirmada pela revelação do Espírito Santo” (Manuscrito 135 [1903]).
“Que influência essa, que desejaria levar os homens, neste período de nossa história, a trabalhar de modo enganador e poderoso, para solapar os alicerces de nossa fé – alicerces QUE FORAM LANÇADOS NO PRINCÍPIO DE NOSSA OBRA mediante DEVOTO ESTUDO DA PALAVRA E PELA REVELAÇÃO? Sobre esses alicerces temos estado a construir, nos últimos CINQUENTA ANOS. Admirai-vos de que, quando vejo o princípio de uma obra que pretende remover alguns dos pilares de nossa fé, tenha algo a dizer? Tenho de obedecer à ordem: ‘Enfrentai-o!’ Tenho de proclamar as mensagens de advertência que Deus me dá para divulgar, e então deixar com o Senhor os resultados. Tenho de agora apresentar o assunto em todos os seus aspectos, pois o povo de Deus não deve ser despojado. Somos o povo de Deus, observador dos mandamentos. Nos passados cinquenta anos tem-se feito pressão sobre nós com toda sorte de heresias, a fim de embotar-nos o espírito em relação aos ensinos da Palavra – especialmente quanto ao ministério de Cristo no santuário celestial e à mensagem do Céu para estes últimos dias, como foi dada pelos anjos do décimo quarto capítulo do Apocalipse. Mensagens de toda espécie e feitio têm feito pressão sobre os adventistas do sétimo dia, pretendendo substituir a verdade que, ponto por ponto, foi buscada com estudo e oração, e atestada pelo poder milagroso do Senhor. Mas OS MARCOS que nos tornaram o que somos devem ser preservados, e sê-lo-ão, conforme Deus o mostrou mediante Sua Palavra e o testemunho de Seu Espírito. Ele nos conclama a nos apegarmos firmemente, com a mão da fé, aos princípios fundamentais baseados em autoridade inquestionável” (Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 208).
Note-se que algumas expressões se repetem ou são equivalentes. “Após a passagem do tempo”, “Nos passados cinquenta anos” (o texto de ME é de 1904; os cinquenta anos são uma média que vai chegar lá nos primeiros anos do movimento; o próprio texto se refere ao “princípio de nossa obra”). Os dois textos mencionam o estudo dedicado da Bíblia e a Revelação do Espírito. É inegável que os dois textos estão se referindo à mesma época: os primeiros anos após a passagem de 1844, quando os primeiros adventistas se entregaram completamente à oração e se debruçaram intensamente sobre a Bíblia a fim de aprender o que é a verdade. Seus esforços foram recompensados pela atuação do Espírito de Deus por meio do dom profético de Ellen White. Durante esse período inicial, os pilares da fé adventista foram estabelecidos. Em outro texto, ela faz a mesma recordação. Note a semelhança nas expressões:
“Os cinquenta anos passados não apagaram um jota ou princípio de nossa fé ao recebermos as grandes e maravilhosas evidências que se tornaram certas para nós em 1844, após a passagem do tempo […] Aquilo que o Espírito Santo testificou como verdade após a passagem do tempo, em nosso grande desapontamento, é o sólido fundamento da verdade. Os pilares da verdade foram revelados e nós aceitamos os princípios fundamentais que nos tornaram o que somos – adventistas do sétimo dia, observando os mandamentos de Deus e tendo a fé de Jesus” (Carta 326, 1905).
De forma clara, Ellen White está se referindo aos primórdios da Igreja, quando as doutrinas distintivas foram estabelecidas pela oração, estudo da Palavra e revelação. Os princípios fundamentais de que Ellen White fala nesses textos NEM DE LONGE SE REFEREM AOS DE 1872, ESCRITOS POR URIAH SMITH. Por que os antitrinitarianos não mostram O CONTEXTO dos trechos que citam? Agora fica claro: OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS EM ELLEN WHITE NÃO SÃO OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DE URIAS SMITH (de 1872). Encadear os textos de modo que passem a impressão de que Ellen White está se referindo ao documento de Uriah Smith induz a uma falsidade histórica!
Mas, para que não fique nenhuma dúvida, no próximo texto, Ellen White deixa bem claro que doutrinas são essas que foram fruto de muita oração, estudo da Palavra, e que o Espírito Santo, por meio de visões, confirmou a veracidade bíblica dessas doutrinas. Preste muita atenção no texto a seguir:
“Em Mineápolis, Deus concedeu preciosas gemas da verdade ao Seu povo. Essa luz do Céu enviada a algumas pessoas foi rejeitada com toda a resistência que os judeus manifestaram ao rejeitar a Cristo, havendo muita discussão em torno da defesa dos antigos marcos. Ficou evidente, porém, que quase nada sabiam sobre o que eram os antigos marcos. Ficou claro e foram feitos apelos diretos à consciência com base na Palavra de Deus; contudo, as mentes estavam cauterizadas, seladas contra a entrada da luz, porque decidiram que seria um perigoso erro remover os ‘marcos antigos’ quando não se estava removendo nada, além das ideias errôneas do que constituíam os antigos marcos. O PASSAR DO TEMPO EM 1844 foi um período de grandes acontecimentos, expondo ao nosso admirado olhar a PURIFICAÇÃO DO SANTUÁRIO que ocorre no Céu, e tendo clara relação com o povo de Deus na Terra, e com AS MENSAGENS DO PRIMEIRO, DO SEGUNDO E DO TERCEIRO ANJOS, desfraldando o estandarte em que havia a inscrição: ‘OS MANDAMENTS DE DEUS E A FÉ DE JESUS.’ Um dos marcos dessa mensagem era o templo de Deus, visto no Céu por Seu povo que ama a verdade, e a arca, que contém a lei de Deus. A LUZ DO SÁBADO DO QUARTO MANDAMENTO lançava os seus fortes raios no caminho dos transgressores da lei de Deus. A NÃO IMORTALIDADE DOS ÍMPIOS É UM MARCO. NÃO CONSIGO LEMBRAR-ME DE ALGUMA OUTRA COISA QUE POSSA SER COLOCADA NA CATEGORIA DOS ANTIGOS MARCOS. Todo esse rumor sobre a mudança do que não deveria ser mudado é puramente imaginário” (O Outro Poder, p. 21 [Manuscrito 13, 1889]).
A QUAIS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS EGW ESTAVA SE REFERINDO?
– A purificação do santuário celestial
– A tríplice mensagem angélica
– Os mandamentos de Deus
– A fé em Jesus
– O sábado
– A não imortalidade dos ímpios
Esses são, de acordo com a voz profética, os MARCOS ANTIGOS QUE NOS TORNAM O QUE SOMOS. Essas são as doutrinas chamadas de pilares de nossa fé, os principais pontos de nossa fé.
É válido ressaltar que a rejeição da Trindade por alguns pioneiros não se deu em si pela doutrina, mas pela forma como as igrejas romana e protestante a apresentavam na época, conforme bem expressa J. N. Loughborough: a doutrina “é contrária às Escrituras. Em quase qualquer texto do Novo Testamento que lermos, fala-se sobre o Pai e o Filho, apresentando-Os como duas pessoas distintas. […] O capítulo 17 de João já é suficiente para refutar a doutrina da Trindade. Mais de quarenta vezes em apenas um capítulo Cristo fala de Seu Pai como uma pessoa distinta de Si mesmo”. Numa análise simples, nota-se que J. N. Loughborough estava falando acerca da distorcida visão de que Jesus e o Pai eram um e o mesmo ser. Seria mais ou menos como mostram as ilustrações abaixo:
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Qualquer ser inteligente e conhecedor da Bíblia negaria esse conceito de Trindade. Reforçando a ideia de que o que os pioneiros combatiam era o conceito errôneo acerca da Trindade, segue-se a afirmação de Sarah Haselton: “A doutrina chamada Trindade afirma que Deus é sem forma ou partes; e que o Pai, o Filho e o Espírito Santo, os três são apenas uma pessoa.” Esse conceito de Trindade os pioneiros realmente jamais deveriam ter aceitado, e não é assim que a Igreja Adventista creu ou crê. O comentário de A.C. Bourdeau confirma ainda mais isso:
“Que Deus é um Espírito infinito e eterno, sem pessoa, corpo, aparência ou partes; está presente em toda parte e em nenhum lugar; ou está em toda parte como um Espírito e em lugar algum como um ser tangível. Pergunto: isso não torna Deus quase um mero nada? Examinemos brevemente esses pontos à luz das Escrituras. É mostrado claramente: (1) Que Deus é uma inteligência material e organizada, possuindo corpo e partes. (2) Que Jesus é o Filho de Deus. Ele não é Seu próprio filho, nem Seu próprio pai, e é um ser distinto de Deus, o Pai.”
Veja como era ensinada a Trindade naquela época. Esse tipo de ensinamento eu também não aceitaria. O conceito de Trindade encontrado nos Escritos da senhora White jamais se assemelham ao conceito errôneo vigente em seu tempo. Ela diz: “Cumpre-nos cooperar com os três poderes mais alto no Céu – o Pai, o Filho e o Espírito Santo – e esses poderes operarão por meio de nós, fazendo-nos coobreiros de Deus.”
Ela ainda afirma: “Aqui estão as três personalidades vivas do trio celestial, nas quais cada alma arrependida dos seus pecados recebe Cristo por fé viva, para aqueles que são batizados em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo.”
É verdade, entretanto, que o conceito trinitário foi sendo compreendido com o tempo, como se nota na declaração de Waggoner na Review and Herald do ano de 1875: “Há uma questão que tem sido muito controvertida no mundo teológico sobre a qual nunca temos presumido entrar. É da personalidade do Espírito de Deus.”
Mesmo assim, eles seguiam a ordem do mestre batizando em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (bem diferente dos antitrinitários de hoje, que negam o batismo trinitário). Na sessão da Review and Herald com o subtítulo “Church Manual” (Manual da Igreja) está assim: “Quando o momento adequado foi finalmente alcançado, o ministro deve levar o candidato devagar e solenemente para o local onde ele se propõe batizá-lo. […] Tendo chegado ao local desejado, o administrador deve ter uma firmeza do candidato, proferindo as seguintes palavras: meu irmão (ou irmã), agora eu te batizo em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Adequando a ação à palavra, ele deve lentamente mover o corpo do candidato em uma direção para trás até que a cabeça toque a água, em seguida, por um movimento súbito, o candidato deve ser mergulhado abaixo da superfície a uma profundidade suficiente para cobrir cada parte de sua pessoa com a água. Feito isso, ele deve ser levantado para a posição de pé novamente. Assim como ele emerge da água, é habitual para o administrador pronunciar a palavra ‘Amém’.”
Mais evidente e nítido se torna o crescimento da visão dos pioneiros quanto à Trindade nestas afirmações encontradas na Review and Herald de 1898 (mesmo ano em que Ellen White escreveu O Desejado de Todas as Nações), escritas por R. A. Underwood, com o título “The Holy Spirit a Person” (O Espírito Santo uma Pessoa):
“Espírito é o representante pessoal de Cristo no campo, e Ele é carregado com o trabalho de conhecer Satanás e derrotar esse inimigo pessoal de Deus e Seu governo. Parece estranho para mim, agora, que eu sempre acreditei que o Espírito Santo era apenas uma influência, tendo em vista o trabalho que ele faz. Mas nós queremos a verdade porque é verdade, e nós rejeitamos o erro porque ele é o erro, independentemente de quaisquer visões que mantivemos anteriormente, ou qualquer dificuldade que tivemos, ou podemos ter, quando vemos o Espírito Santo como uma pessoa. A luz é semeada para o justo. O esquema de Satanás é destruir toda a fé na personalidade da Divindade – o Pai, o Filho e o Espírito Santo, – também em sua própria personalidade.”
É bem perceptível também que após uma compreensão mais aclarada acerca da Trindade esse assunto passou a ser bastante explorado nas literaturas da igreja. A seguir uma sequência de textos publicados por M. E. Steward no volume 87 da Review and Rehald, números 50, 51 e 52, que datam respectivamente de 15, 22 e 29 de dezembro de 1910. O primeiro artigo intitulado “The Divine Godhead: God, the Father” (A Divina Divindade: Deus, o Pai) começa com a declaração de 1 João 5:7: “Há três seres na Divindade: Deus, o Pai, Jesus Cristo, a Palavra e o Espírito Santo. Estes três são um.” Não é intenção desse artigo discutir a autenticidade dessa passagem, apenas mostrar que a compreensão dos pioneiros quanto a esse assunto foi gradual e crescente.
O segundo artigo é intitulado “The Second Person of the Godhead – Jesus Christ” (A Segunda Pessoa da Divindade – Jesus Cristo) e traz as seguintes afirmações: “Cristo tinha uma existência, antes de vir à Terra . (1) Ele tinha glória com o Pai ‘antes que o mundo existisse’ (João 17:5). (2) ‘No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. ‘O Verbo se fez carne e habitou entre nós’ (João 1:1, 14). (3) Cristo estava com os israelitas no deserto (1 Coríntios 10:4, 9). Jesus Cristo uniu a humanidade à divindade. ‘Grande é o mistério da piedade: Deus foi manifestado na carne’ (1 Timóteo 3:16).”
O terceiro artigo tem como título “The Third Person of the Godhead – the Holy Spirit” (A Terceira Pessoa da Divindade – O Espírito Santo). Nesse artigo é afirmado que o Espírito é “o representante de Cristo”, e “por isso o Espírito Santo é o direto agente no cumprimento de todos os propósitos e promessas divinos na obra da salvação do homem. E, como representante de Cristo, aquele que aceita a Cristo tem o dom do Espírito Santo”.
No ano de 1913, a Review publicou uma edição especial com relatos dos avanços do evangelho em todo o mundo. Entretanto, ao meio da revista com o subtítulo “Mensagem para hoje” há a seguinte declaração: “Para o benefício daqueles que podem desejar saber mais particularmente as características fundamentais da fé mantida por esta denominação, nós referiremos que os adventistas do sétimo dia creem… na Trindade divina. Essa Trindade consiste do eterno Pai, um ser espiritual pessoal, onipotente, onisciente, infinito em poder, sabedoria e amor; do Senhor Jesus Cristo, o Filho do eterno Pai, por quem todas as coisas foram criadas, e através de quem a salvação das hostes redimidas será realizada; do Espírito Santo, a terceira pessoa da Divindade, o regenerador na obra da redenção” (grifo nosso).
É importante salientar que todos esses textos foram produzidos enquanto a senhora White estava viva e não houve da parte dela nenhum tipo de observação contrária. Alguns indivíduos já tiveram a ousadia de afirmar para mim que tais declarações passaram a ocorrer e não houve crítica da senhora White porque ela já estava bastante avançada em idade (morreu em 1915), e que, portanto, não estava mais acompanhando as supostas entradas de heresias na igreja. Ora, essa afirmação é no mínimo absurda. Prova disso é que nessa mesma revista apresentada acima (do ano de 1913) há um artigo escrito pela senhora White, e o curioso é que o artigo dela é imediatamente anterior ao artigo que traz a declaração mencionada anteriormente.
CONCLUSÃO
Pelo que se nota com clareza, o assunto da Trindade não foi introduzido na igreja a partir da década de 1940, como alguns advogam, nem na década de 1980. Mas a compreensão gradual dos pioneiros é evidenciada ao longo das edições das literaturas eclesiásticas, em especial (como mostrou este artigo), nas edições da Review and Herald. Portanto, qualquer tentativa contrária ao ensino da Trindade, tomando-se como base o argumento de que os pioneiros não aceitavam essa doutrina, carece de um estudo sério e abalizado, tanto na história da Igreja quanto em sua literatura. Proceder dessa maneira é evidenciar total ignorância e carência informacional acerca do assunto, o que torna os argumentos dos proponentes de tais alegações pueris e reducionistas.
Eleazar Domini, além de bacharel em Teologia, é mestre em Teologia na área de Interpretação e Ensino da Bíblia com ênfase na língua hebraica. Atualmente é pastor distrital em Aracaju.
Leia também: “Respostas a um antitrinitariano” parte 1parte 2 e parte 3
Material complementar:
Prezis:

Respostas a um antitrinitariano (parte 3 de 4)


Christian dove with bright sun rays


Pergunta: Poderia ser o Espírito Santo uma pessoa distinta do Pai e do Filho, como ensinam os trinitarianos? Seria a terceira pessoa da Divindade ou Ele é o Espírito do Pai e do Filho? A Bíblia não mostra a palavra “espírito” como sendo outra pessoa? Por exemplo, em Gênesis 41:8; 45:27; Juízes 15:19; Salmo 51:10; Daniel 7:15, 2 Timóteo 4:22, fala-se do espírito de Faraó, de Jacó, de Sansão, de Davi, de Daniel e de Timóteo. Em todos os casos, quando é mencionado o espírito dessas pessoas citadas, não está falando de outra pessoa, mas dela mesma. Nesse sentido, está claro que o espírito é uma pessoa, a própria pessoa. Assim, também, quando falamos do Espírito de Deus, estamos falando do próprio Deus. E quando falamos do Espírito de Cristo, estamos falando dEle mesmo. Ellen White escreveu: “Ao dar-nos o Seu Espírito, Deus nos dá a Si mesmo, fazendo-Se uma fonte de divinas influências para proporcionar saúde e vida ao mundo” (Testimonies, v. 7, p. 273).
“O relato declara: ‘Soprou sobre eles, e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo’ (João 20:22). Jesus está esperando para soprar sobre todos os Seus discípulos, dando-lhes a inspiração de Seu Espírito santificador e transfundindo a vital influência de Si mesmo a Seu povo” (E Recebereis Poder, p. 26).
“Impedido pela humanidade, Cristo não poderia estar em todos os lugares pessoalmente, então foi para vantagem deles [os discípulos] que Ele deveria deixá-los, ir para o Pai, e enviar o Espírito Santo para ser o Seu sucessor na terra. O Espírito Santo é Ele mesmo, despido da personalidade da humanidade e independente dela. Ele Se representaria como estando presente em todos os lugares pelo Seu Espírito, como o Onipresente. ‘Mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em Meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito’ (João 14:26). ‘Mas Eu vos digo a verdade: convém-vos que Eu vá, porque, se Eu não for, o Consolador não virá para vós outros; se, porém, Eu for, Eu vô-Lo enviarei’ (João 16:7; Manuscripts Releases, v. 14, p. 7).
Diante de tudo o que foi exposto acima, podemos mesmo crer que o Espírito Santo é a terceira pessoa na Divindade?
Resposta: Essas são as principais inquietações e esses os principais argumentos usados atualmente pelos antitrinitarianos. Naturalmente, existe uma grande fragilidade na linha argumentativa, pois ela claramente se desenvolve de forma unilateral, dispensando textos que clarificam bastante o assunto. Eles desconhecem ou ignoram o fato de a palavra “espírito” (ruach, no hebraico, ou pneuma, no grego) ser polissêmica, além de utilizarem antropomorfismos como argumento final para determinar a Divindade, desqualificando a pessoa do Espírito Santo a partir de um conceito meramente humano. Vamos aos fatos:
Da mesma forma como os antitrinitarianos pecam em sua abordagem antropomórfica quando falam da geração e filiação de Jesus – segundo eles, se os termos “gerar” e “filho” implicam literalmente em ter um pai biológico para nós humanos, da mesma forma, quando a Bíblia fala que Jesus é o “Filho de Deus” ou que Ele foi “gerado”, isso indica que Jesus é literalmente filho da primeira pessoa da Divindade (o Pai), ou seja, não possui eternidade pretérita, nasceu, foi gerado –, dessa mesma forma eles argumentam acerta da pessoa do Espírito Santo. É claro que se nós usássemos os critérios e a linguagem humanos para explicar detalhadamente a Divindade, teríamos, por exemplo, que encontrar uma mãe para Jesus, já que para ter um filho é necessária uma mãe (em termos humanos). Como sabemos ser isso impossível, é óbvio concluir que os termos humanos empregados para a Divindade devem ser analisados cuidadosamente. Na linha argumentativa antitrinitariana, pode-se notar o mesmo erro de interpretação e o uso irresponsável de uma linguagem antropomórfica como determinante para desqualificar o Espírito Santo como a terceira pessoa da Divindade. Vejamos:
“E aconteceu que pela manhã o seu espírito perturbou-se, e enviou e chamou todos os adivinhadores do Egito, e todos os seus sábios; e Faraó contou-lhes os seus sonhos, mas ninguém havia que lhos interpretasse.” Gênesis 41:8
“Porém, havendo-lhe eles contado todas as palavras de José, que ele lhes falara, e vendo ele os carros que José enviara para levá-lo, reviveu o espírito de Jacó seu pai.” Gênesis 45:27
“Então Deus fendeu uma cavidade que estava na queixada; e saiu dela água, e [Sansão] bebeu; e recobrou o seu espírito e reanimou-se; por isso chamou aquele lugar: A fonte do que clama, que está em Leí até ao dia de hoje.” Juízes 15:19
“Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito inabalável.” Salmo 51:10
Ao citar textos como esses, note a conclusão a que chegam (peguei a argumentação que um antitrinitariano desenvolveu recentemente num estudo):
“Vemos aqui a expressão ‘seu espírito’ escrita separadamente de faraó. Quer dizer então que são duas pessoas? Nesse texto diz que o espírito de Faraó perturbou-se. Quem você entende que se perturbou? Foi outra pessoa ou foi ele mesmo? O espírito de Jacó reviveu ao ouvir as palavras e ver os carros que José havia enviado. Quem foi que reviveu e se alegrou? Foi outra pessoa ou foi Jacó mesmo? A Bíblia mostra que ao Sansão beber a água que Deus providenciou para ele seu espírito foi recobrado. Foi ele mesmo que foi recobrado ou foi outro ser? Davi pediu para Deus renovar um espírito inabalável nele. Esse pedido tem o sentido de fazer outro ser se tornar inabalável ou ele mesmo ser inabalável?” E conclui: “Nesse sentido, claro está que o espírito é uma pessoa, a própria pessoa. Assim também, quando falamos do Espírito de Deus, estamos falando do próprio Deus. E quando estamos falando do Espírito de Cristo estamos falando dEle mesmo.”
Ora, tal antropomorfismo é inaceitável porque não podemos definir a Divindade a partir de conceitos e palavras humanos. Só para entendermos a que ponto podemos chegar utilizando esse princípio, veja:
“Então dirá também aos que estiverem à Sua esquerda: Apartai-vos de Mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos.” Mateus 25:41
“E irão eles para o tormento eterno, mas os justos para a vida eterna.” Mateus 25:46
“Assim, Sodoma e Gomorra […] havendo-se corrompido […] foram postas por exemplo, sofrendo a pena do fogo eterno.” Judas 7
“Mas que se manifestou agora, e se notificou pelas Escrituras dos profetas, segundo o mandamento do Deus eterno, a todas as nações para obediência da fé…” Romanos 16:26
Os imortalistas, numa simples comparação dos textos acima, como fazem os antitrinitarianos, concluem: “Se Deus é eterno, i.e., sem fim, logo o fogo e o tormento também são eternos, sem fim, uma vez que a palavra grega usada é a mesma. Portanto, existe um inferno que ficará queimando os ímpios por toda a eternidade.” Não podemos aceitar essa aplicação dada pelos nossos irmãos evangélicos ou católicos pelo simples fato de que uma mesma palavra, quando usada para definir coisas humanas e terrestres, pode ter uma aplicação completamente diferente quando utilizada em relação com a Divindade. Por exemplo, o termo aiónios (eterno), quando se refere a Deus, implica não somente não ter fim, mas ter toda eternidade, pretérita e futura. Quando esse mesmo termo é usado para coisas terrestres, não tem essa mesma significação (ou o tal fogo eterno existe desde sempre?). Sobre isso escreveu Arnaldo B. Christianini:
“Para qualquer pessoa isenta de preconceitos, as palavras que se traduzem por ‘eterno’ e ‘todo o sempre’ não significam necessariamente que nunca terão fim. No Novo Testamento, vem do grego aión, ou do adjetivo aiónios. É impossível forçar esse radical grego significar sempre um período que não tem fim. Quando aplicado a coisas terrenas tem sentido restrito de duração enquanto durar a coisa a que se liga; quando junto a Deus ou coisas derivadas de Deus, então, sim, exprime duração sem fim” (Subtilezas do Erro, p. 236, 237).
Percebe como é perigoso utilizar uma expressão, um conceito humano para definir o Divino? Além do mais, é sabido que o termo “espírito” é polissêmico, portanto, não podemos esperar um mesmo uso e/ou aplicação para ele. Veja:
“Sucedeu que, havendo eles passado, Elias disse a Eliseu: Pede-me o que queres que te faça, antes que seja tomado de ti. E disse Eliseu: Peço-te que haja porção dobrada de teu espírito sobre mim.” 2 Reis 2:9
Seguindo a linha que foi apresentada, em que o espírito da pessoa é a própria pessoa, seria coerente concluir que Eliseu estaria pedindo dois Elias sobre ele? Óbvio que não! Trata-se de linguagem figurada. Eliseu desejava que o mesmo Espírito Santo que atuou em Elias também atuasse nele. Mas vejamos outros usos do termo “espírito” na Bíblia:
– Espírito de ciúmes: Nm 5:14
– Espírito da impureza: Zc 13:2
– Espírito de profundo sono: Is 29:10
– Espírito do Egito: Is 19:3
– Espírito das prostituições: Os 5:4
– Espírito da luxúria: Os 4:12
– Espírito novo: Ez 11:19
– Espírito como referência ao entendimento: Is 29:24
– Espírito como referência às intenções do coração: Pv 16:2
– Espírito como referência a um ser maligno: Jó 4:15
– Espírito como referência ao fôlego de vida: Sm 146:4; Ec 12:7; Jr 10:14; Jr 51:17; Hc 2:19 e Jó 14:10
Note as várias formas como o termo “espírito” é empregado na Bíblia. Essa polissemia deve ser respeitada. Apesar de em alguns casos “espírito” ser uma referência à própria pessoa, como apontou o antitrinitariano, jamais encontramos frases do tipo: “E disse o espírito de Davi”, “Falou, pois, o espírito de faraó”, “Mentiste ao espírito de Daniel”, “Entristeceste o espírito de Jacó”, “O espírito de Moisés enviou a Arão”, etc., expressões comuns usadas tendo o Espírito Santo como referencial.
Usar o texto de João 20:22: “Soprou sobre eles, e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo”, para inferir que o Espírito Santo não pode ser uma pessoa, pois não se pode soprar uma pessoa, é também falta de honestidade com o estilo literário (uso figurado). Vemos na Bíblia situação similar: “Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo, e não tenhais cuidado da carne em suas concupiscências” (Rm 13:14).
Como revestir-se de Cristo se Ele não é uma roupa? É óbvio que se trata de uma linguagem figurada. Portanto, não podemos usar a expressão “soprou sobre eles” referindo-se ao Espírito Santo para dizer que Ele não é um ser pessoal, assim como a frase “revesti-vos do Senhor Jesus Cristo” não tira de Cristo sua personalidade.
Quanto à última parte do questionamento (talvez a mais usada no meio antitrinitariano) em que foram citados os textos de Ellen White para inferir que o Espírito Santo é o próprio Cristo ou o Pai, analisemos:
“Ao dar-nos o Seu Espírito, Deus nos dá a Si mesmo, fazendo-Se uma fonte de divinas influências para proporcionar saúde e vida ao mundo” (Testimonies, v. 7, p. 273).
“Impedido pela humanidade, Cristo não poderia estar em todos os lugares pessoalmente, então foi para vantagem deles (os discípulos) que Ele deveria deixá-los, ir para o Pai, e enviar o Espírito Santo para ser o Seu sucessor na terra. O Espírito Santo é Ele mesmo, despido da personalidade da humanidade e independente dela” (Manuscripts Releases, v. 14, p. 7).
Segundo a Bíblia o Espírito Santo é “outro” (állos, outro da mesma espécie, outro semelhante) Consolador. Basta ler João 14, 15, 16. No entanto, considerando a representação de Jesus pelo Espírito Santo podemos dizer que a presença do Espírito é a de Jesus. Isso mesmo se pode dizer do Pai que era representado por Jesus quando do Seu ministério na Terra. Ora, Ellen White como profetisa do Senhor usou dos mesmos recursos literários que os profetas bíblicos, e vemos situações idênticas na Bíblia:
Quando Filipe pediu a Jesus: “Senhor, mostra-nos o Pai, o que nos basta”, Jesus respondeu: “Estou há tanto tempo convosco, e não Me tendes conhecido, Filipe? Quem Me vê a Mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai?” (Jo 14:8, 9). Sabemos que Jesus não é o Pai, mas Ele diz: “Há quanto tempo estou convosco, e não Me tendes conhecido, Filipe?” Na sequência, o próprio Jesus explica que vê-Lo é como ver o Pai.
João usou a mesma linguagem no livro de Apocalipse ao dizer que Jezabel ensinava e seduzia os cristãos de Tiatira (Ap 2:20), quando, na verdade, Jezabel estava na sepultura, o que quer dizer que seus responsáveis eram como se fossem Jezabel em sua apostasia.
Há um texto, porém, exatamente igual, pois Cristo também usou a mesma forma de linguagem quando Se referiu a João. Ele disse: “E se o quereis reconhecer, ele mesmo [João Batista] é Elias” (Mt 11:14). A partir desse texto podemos dizer que João Batista é Elias? Não, João Batista é como se fosse Elias. Da mesma forma, Ellen White diz que o Espírito Santo é Ele mesmo (Jesus), i. e., é como se fosse o próprio Cristo. Se usarmos a literalidade para Ellen White nesse caso, devemos usar também no texto bíblico, o que acarretaria numa heresia: dizer que João era literalmente Elias.
Podemos crer que o Espírito Santo é uma pessoa distinta do Pai e do Filho, a Terceira Pessoa da Divindade? Sim, podemos! Abaixo os textos que nos habilitam a autorizam assim:
O Espírito Santo é UMA PESSOA, pois dá testemunho com o nosso espírito de que somos filhos de Deus. […] O Espírito Santo tem PERSONALIDADE, do contrário não poderia testificar ao nosso espírito e com nosso espírito que somos filhos de Deus” (Ellen White, Manuscrito 20, 1906).
“[O Espírito Santo] Deve ser também UMA PESSOA DIVINA, do contrário não poderia perscrutar os segredos que jazem ocultos na mente de Deus” (Ellen White, Manuscrito 20, 1906).
O antitrinitariano diria: “Sim Ele é uma pessoa, mas é o próprio Cristo, não uma pessoa distinta. Será? Vejamos:
 Cristo, nosso Mediador, e o Espírito Santo estão constantemente intercedendo em favor do homem; mas o Espírito não roga por nós como faz Cristo, que apresenta Seu sangue derramado desde a fundação do mundo; o Espírito atua sobre nossos corações extraindo orações e arrependimento, louvor e agradecimento. A gratidão que flui de nossos lábios é o resultado do que o Espírito faz ressoar nas cordas da alma com santas recordações que despertam a música do coração” (Manuscrito 85, 1901).
“O Espírito Santo é o Confortador, em nome de Cristo. Ele personifica Cristo, contudo é uma personalidade DISTINTA” (Manuscrito 93, 1893; 20 MR, p. 324].
 Três agências DISTINTAS, o Pai, o Filho e o Espírito Santo, trabalham juntas pelos seres humanos” (Manuscrito 27a, 1900).
O antitrinitariano argumenta (tentando desconstruir o sentido básico das palavras PERSONALIDADE e AGÊNCIAS, como se não fossem equivalentes a pessoa): “Mas o texto fala de personalidade, de agências e não de pessoas. Queria um texto que falasse de TRÊS PESSOAS.” Tudo bem, aí estão:
HÁ TRÊS PESSOAS VIVAS pertencentes à Divindade celeste. Em nome destes três grandes poderes – o Pai, o Filho e o Espírito Santo – os que recebem a Cristo por fé viva são batizados […] e esses poderes cooperarão com os súditos obedientes do Céu em seus esforços para viver a nova vida em Cristo” (Special Testimonies, Série B, nº 7, p. 62, 63).
O texto acima é confiável?
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Manuscrito 21, 1906, p. 4 (note pela data do original que Ellen White estava viva).
O texto não diz que há duas pessoas e que a terceira seria a própria segunda pessoa ou a própria primeira pessoa. Diz que “HÁ TRÊS PESSOAS VIVAS pertencentes à Divindade celeste”.
“A obra está colocada diante de cada alma que reconhece sua fé em Jesus Cristo pelo batismo, e se tornou um recipiente da promessa das TRÊS PESSOAS – o Pai, o Filho e o Espírito Santo” (Manuscrito 57, 1900; publicado em SDA Bible Commentary, 6:1074).
O antitrinitariano pode argumentar: “Mas esse texto foi adulterado, não é verdadeiro.” Será que foi adulterado? Veja as imagens abaixo:
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Trecho e rascunho escrito à mão do Manuscrito 57, 1900.
 Se o Espírito Santo fosse o próprio Jesus ou o próprio Pai, como pretendem equivocadamente os antitrinitarianos, como entender o texto acima que fala que há TRÊS PESSOAS?
“O poder do mal se estivera fortalecendo por séculos, e alarmante era a submissão dos homens a esse cativeiro satânico. Ao pecado só se poderia resistir e vencer por meio da poderosa operação da TERCEIRA PESSOA DA DIVINDADE, a qual viria, não com energia modificada, mas na plenitude do divino poder” (O Desejado de Todas as Nações, p. 671).
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Trecho da Review and Herald de 1906, citando Ellen White. Nessa edição ela também escreve um artigo.
Não pode haver terceira pessoa se não houver uma segunda e uma primeira.
Conclusão
Por tudo o que foi apresentado acima, a única conclusão a que chegamos é: o Espírito Santo é a terceira pessoa da Divindade; Ele não é o Pai, não é o Filho, é uma pessoa (ou personalidade, como queira) distinta, que age, intercede e está interessado em nossa salvação. Por que o diabo lança tanto descrédito sobre a pessoa do Espírito Santo? Porque “ao pecado só se poderia resistir e vencer por meio da poderosa operação da TERCEIRA PESSOA DA DIVINDADE, a qual viria, não com energia modificada, mas na plenitude do divino poder”. É do maior interesse do mal que os seres humanos não acreditem na TERCEIRA PESSOA DA DIVINDADE. E você, de que lado está?
Eleazar Domini, além de bacharel em Teologia, é mestre em Teologia na área de Interpretação e Ensino da Bíblia com ênfase na língua hebraica. Atualmente é pastor distrital em Aracaju.
Leia também: Respostas a um antitrinitariano parte 1 e parte 2